quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Desbravando o Cemitério da Recoleta

Eu nunca vejo a previsão do tempo. Mas ontem, enquanto tomava leite com Nescau e comia pão com manteiga, a televisão passava a moça do tempo.  E aí tive a infeliz ideia de prestar atenção e ver que a máxima temperatura seria 15 e a mínima, 6 graus...

Então resolvi postar os textos atrasados pela manhã e sair apenas pela tarde. Na hora de me arrumar, vesti calça, meias, tênis e blusa de manga comprida. Peguei casaco, cachecol e a segunda pele que tia Lourdinha me emprestou. E saí para desbravar a Recoleta. Mas hoje foi o dia mais quente de toda a minha viagem e esse calor dos infernos me fez usar a roupa que seria para a noite! Eu tenho mesmo muita sorte... Mas nada iria atrapalhar meu passeio!

Pedi informações para o menino do albergue sobre como chegar lá. Ele me disse que teria que pegar o busu 27 numa rua aqui perto. Como estou solamente solo, levei o mapa a tiracolo. Como eu já expliquei antes, nós temos que dizer ao motorista para onde vamos, e o preço da passagem varia de acordo com o destino. Mas a variação no preço é pequena, então Renata sugeriu que eu pedisse sempre $1,25, que é a passagem mais cara (pense aí: isso dá menos de 65 centavos de real!!!).

Aí subi no busão cheia do meu portunhol fluente e pedi "Por favor, uno e beinte e cinco" (não é assim que se escreve nem se pronuncia, mas foi isso que saiu da minha boca!). Então o motorista perguntou para onde eu ia, o que eu só entendi na terceira vez. Quando eu respondi que era Recoleta, ele digitou os números lá e eu fui colocar minhas moedas contadas na máquina. Então, um milagre aconteceu: a máquina me deu um troco de 15 centavos! yuhuuu! Eu não sabia que ela dava troco! Então sentei lindamente na cadeira e fiquei observando alguém que ia para a Recoleta, para saber em qual ponto descer.

Eis que senta ao meu lado uma velhinha simpática. Ela olhou para o mapa na minha mão e perguntou para onde eu ia. Depois da minha resposta, ela disse que ia para lá também e que me avisaria quando chegasse o ponto! Então só fiz relaxar e curtir a viagem, até que...


Entrei no Cemitério e vi que existem visitas guiadas, mas a próxima seria 14h, ou seja, faltava uma hora para o início.


Resolvi almoçar no Shoping de Design, mas os restaurantes são carérrimos, então comi um tostado de jamón y queso (o famoso mistão) no Café Martinez!


Dei mais um rolé pelo shopping e, de acordo com o meu senso tempo-espaço-direção-luz do sol, achava que já estava na hora de voltar ao cemitério. Quando cheguei lá, que coincidência! A guia já ia começar a visita!


Aqui eles só oferecem visitas guiadas em inglês ou espanhol. Eu sou péssima nas duas línguas, então optei pela segunda. Pensei da mesma forma que todos os brasileiros que, por serem parecidas, é muito fácil entender espanhol! Será que escolhi certo?


Mas sim, eu escolhi certo! Consegui decifrar algumas palavras, e aí dava para entender o contexto das explicações. Por exemplo, agora vou contar a história deste mausoléu:


Esta era Rufina Cabaceres, uma jovem de 19 anos, filha de uma família conhecida (eu não entendi porque a família era famosa). Então, eis que Rufina aparece morta em casa! A família ficou muito triste, fizeram todo o funeral e blaá blá blá enterraram a morta. Dias depois, a moça que cuidava do túmulo de Rufina percebeu que o caixão estava em outra posição, e prontamente alertou à mãe sobre o ocorrido. Com a devida autorização, abriram o caixão e.... Tcham! Havia marcas de unhas por todos os lados. Rufina sofria de catalepsia, mas como a doença ainda não era muito conhecida, ela foi enterrada viva e morreu sufocada...

P.S: Atenção meus parentes mais novos: quando eu morrer, favor me enterrar em, no mínimo, 48 horas!

Voltando à história, o mausoléu de Rufina traz uma menina que tenta abrir uma porta. De acordo com a guia, esta obra pode ter dois significados: ou ela trata da oportunidade que a jovem teria na vida, se não morresse cedo, ou ela ressalta a tentativa de rufina de abrir uma porta.... do caixão!

Passando o mistério fúnebre, vamos à parte inusitada. Depois de visitarmos o mausoléu de Evita Perón (o mais procurado por todos os turistas), a guia resolveu levar o grupo para fora do cemitério. E aí eu cheguei a uma conclusão reveladora:


Enquanto tentava me chamar entre túmulos e obras de arte, não podia deixar de fazer uns registros para a posteridade:


Esta cabeça branca lembra alguém?









Depois de ver estas e mais outras esculturas...


Aí, foi só alegria! Ops, esqueci que estava em um cemitério... mas deu para tirar muitas fotos com Evita:




Depois de conseguir visitar Evita, hora de continuar a programação pela Recoleta!
 

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